Cerzida, remendada, com bispontos
entre as costelas e costuras reforçadas
Sorrio muito. Nunca percebi como consigo descoser o leve alinhavo dos lábios
Nunca ninguém me quis até à loucura
de dobrar comigo o linho, o ninho, o amor
de partir para o mesmo pôr de sol
Só barbaramente fui amada por quem viu em mim os olhos orientais de Salomé
Alguma pétala de uma antiga espécie de solidão
nascida nos fogos do deserto
ou nos pesos herdados de Salomão
A sabedoria de amar o amor, a de servir o amor, a de bordar tudo com um único monograma
que em tempos foi desilusão, quando ainda aspirava o pó dos passos sem regresso
Mas agora, que me ornamenta uma grinalda de simples e serena aceitação,
sejas o que fores, já não mudarás, nem o meu
(de)sassossego nem a minha irrequieta paixão
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