Quando a casa fica em suspenso, na vertigem dos dias, também os móveis habitam o silêncio. A morte dá um passo mais todos os dias na ausência de movimento. Não arrastamos as cadeiras, nem temos batatas para descascar em conjunto, entre risos, entre gritos, e os livros que lemos não falam entre si. O passado ficou embrulhado em papel de jornal, esquadrinhado como peixe já só espinha. Sem porta que dê para o futuro, a fala vive de si mesma, é ela o seu próprio habitante. Não há referente comum a não ser a referência do amor, essa possibilidade adormecida.
De que havemos de falar que desperte a casa?
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