rasgaram-me os olhos para a vida, vedaram-me o coração à morte
mas a porta ficou aberta para ti e para a vida
eis-me nascida dos corais e das marés com asas brancas de lume
eis-me nuvem, algodão feito do silêncio, eis-me saída de uma fresta
iluminda pelo vento
ninguém fechou a porta e a noite está tão quente
quero a areia fria nos meus pés e o fresco luar que me consentes
quero que as sereias me chamem com o brilho da tua voz agora
e sempre
quero viver poeticamente a realidade e viver realmente a poesia,
este ar que deixou a porta aberta, por onde a brisa entra até ser dia
todos as noites há espaço para o teu peito, deixa entrar a madrugada
não há clamor de gente, só o suor da tua face e a respiração ausente.
porque é ímpia e solene a noite, solitária filha do desejo
mas tem a rima do mar que galgou o areal e cai sem medo
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