às vezes desesperando, outras dormindo,
mas presos a uma janela que dá para os telhados, a liberdade, os olhos molhados
Eu sou feliz com a minha natureza felina,
mas não consigo atravessar para o outro lado
Não tenho medo do salto. Sempre aterrei em lugares baixos
Mas receio que agora não haja chão,
nem asfalto
Se tu quiseres eu salto, afinal sou ágil e tenho os pés forrados. Mas tinhas de dar o sinal, pois os olhos já traem os velhos gatos
Sei que não podes. Para mim basta-me o silêncio dos teus passos, cautelosos, como os gatos pardos, na sombra emboscados
Mas posso libertar-te das sombras, das esperas e lançar-te na caçada mais bela
para, finalmente, te encontrares, solto e leve enquanto fazes as tuas próprias aterragens
Esquece-me. Assim, nunca te falhas.
Eu já me habituei a contemplar janelas.
Sou a própria janela. É tão fácil ver a antecipação da morte junto a ela
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