a chuva começa no telhado, nas janelas, nos jardins e depois ocupa tudo com o seu rumor
há uma circuncisão na chuva como no amor - a intermitência da água imita a do amor
e depois, a chuva é interioridade, a anterior idade, a verdade interior que nos arde
a fresca terra molhada exala flores e fragrâncias siderais se a chuva cai
tal como o amor, que assim nos toca mais dentro do mistério
porque é dentro de nós que chove, como nos beirais
chovemos juntos em tantas ocasiões! quantas madrugadas!
não teremos muitas mais
adivinho a chuva como adivinho o teu olhar, mas já não vejo amor
e, no entanto, pode ser a chuva o traço de união que nos salva, se vier
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