20.10.20

Asas perdidas


Perdi a poesia numa noite alcatroada daquelas que rangem no fundo do asfalto

Perdi a poesia nas outras noites e dias como quem se põe a sangrar a vida para a esvaziar

Cansei a palavra de tanto a usar no suor das noites e dos dias

Perdi-me nos labirintos que criei

Acho-me um pano de pó que saturou as malhas do tecido

Este pó não é poesia, é uma espécie de posta restante onde já não cabem mais cartas

Melhor dizendo, em linguagem gasta, é  o pó do tempo desabitado

Dizem que as asas do poeta voam para a eternidade. Eu voo para a eterna idade além do mar

Porém, ressalve-se claramente que perdi as asas mas não perdi o impulso de voar

(...) O que eu não daria para abraçar neste momento a poesia


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