convoco a pedra e a roseta da noite a chegar sagrada. em volta do fogo, pulam animais livres de antigas almas presas condenadas
no pelourinho da paz, cadáveres salvos da morte; não se respira fumo, mas enxofre
é chegada a noite das bruxas - curandeiras alinhadas no universo, orientadas para um astro vermelho e sério, malfazejo
olhos ocultos na nevada floresta. ninguém chegou que possa deter a espiral de fogo
convoco os deuses dos amores enviezados, um punhado de almas embriagadas, obscuras de desejo
entre o sal e as madeixas do teu cabelo faíscam pegadas de lontra e patas de percevejo; tambores nos sentidos ferem os passos sobre o fojo
digo o teu nome e inclino o meu rosto. a chama incendeia-me o peito e eu prolongo-me na sombra, um corpo esguio, quase desfeito
no caldeirão azul estremece o rumor de um beijo. sei que virás ao meu encontro, à tardinha, ao passar do realejo
chegam as bruxas curandeiras e eu, que sou donzela e assafata, deixo o encantamento feito e tomo o cavalo de ilharga, com meu ar de musa parva
para se cumprir o meu desejo, virás a mim pela calçada, envolto num manto preto. tem tento nas ciladas traiçoeiras, porque só as de amor são benfazejas
se outras de ti se acercarem, tem cuidado com quem beijas! passarás a tentação se me desejas, mas vem no fio da teia, aranha e presa
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