Hoje vi, na televisão do dentista, um hipopótamo-pigmeu e o seu recém-nascido. Achei que era uma notícia extraordinária que, no meio do caos da raça humana, nascesse aquela bela criatura, de grandes olhos abertos para a maravilha do mundo. Mais, achei fantástico que pudéssemos, em cativeiro, desenvolver espécimenes de uma espécie em extinção há tanto tempo! Quando o gorduchinho relanceou os olhos e fitou a câmara, pareceu-me que trazia um vasto conhecimento das coisas, o olhar curioso, mas triste, como se não tivesse grandes ilusões ao ver-se numa poça minúscula, sem liberdade. Penso nele e percebo que há esperança se os homens souberem olhar assim para as coisas, com o mesmo ar triste sobre a degradação que impuseram ao mundo. Se há coisas que uma certa geração não adquiriu foi a consciência ecológica que põe acima de tudo o respeito pela vida (dos outros) e pelo bem-estar de todos, homens e animais. Falhou a escola e falhou a família. Assusta-me a criminalidade dos jovens, a crueldade e veleidade dos mais velhos pela vida humana. O contexto favorece a violência, estamos todos presos nas malhas de uma doença que anda de boca em boca, de mão em mão. Mas não podemos deixar que o pior da nossa natureza nos domine.
Querido hipopótamo-pigmeu, a minha ternura pela tua inocência e pela inocência das crias de homem que acarinho é imensa. Só por eles me levanto todos os dias, para aplanar o rumor do caos que temos para lhes dar.
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