este caudal é o excesso de chuva
da voz que a chuva traz
este rio sabe para onde vai, extravasa para as mesmas margens
amorosamente a terra afaga o rio que passa e não te vê
há rios que nos levam no olhar
e nós levamos o rio atrás de nós
há rios que correm sós e outros que convergem para o eixo da vida que é também o da morte
partem, mas não chegam sós. os rios sabem aumentar o corpo das águas
eu e tu fomos um rio tonto que perdeu o leito, o lume e o luar
mas cada paisagem faz o corpo que o rio há de ter entre fuga e foz
e eu não sei como dizer-te que toda a minha geografia se move para te acolher
que o teu rio no meu leito e o meu na tua foz são suaves curvas do amor
que fazemos sobriamente, semanticamente, águas fundas, tempos sós
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