Não sei se é o poço que atrai e puxa se somos nós que nos vemos lá no fundo, apesar dos pés presos ao mundo, sabendo claramente que não se encontra nada do outro lado: o poço abre-se na tarde, uma boca escancarada, vacilamos, é mais fácil cair, é só um salto
Mas é preciso fechar o poço, soldá-lo, enchê-lo de terra, acimentá-lo. Fechados em casa, podemos projetar o mundo para a dimensão do nosso quarto.
Olha a lareira, o braço amigo do cadeirão, o calor do gato, o livro no chão, a música arrancada a um saxofone, blues, Georgia on my mind, um rumor leve no telhado, uma bebida quente e uma troca de olhares, as mãos presas à imensa tarde
Pensa no mundo como um lugar fechado que sabe bem manter assim. A tua interioridade é esse lugar que guardas só para ti - mesmo que o partilhes, é teu o tempo de arrastares a alma pelas sensações
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