Não te esqueci, como não esqueço as floreiras que deixei secar, não te esqueceria facilmente, não te ia esquecer tão de repente, eu que ainda me lembro das árvores que plantei uma por uma, aliás, nunca mais as vi, mas crescem no meu coração. Não te esquecerei, porque esquecer-te seria esquecer-me de mim, não, não, não te quero esquecer nunca, prefiro antes esquecer o mundo inteiro e todas as árvores e arbustos a esquecer-me de ti. Mas desisti, não vês? Levarei a dor no sangue da minha morte, mas gostar de ti neste tão frágil meio é estar debruçada numa ponte para te ver, estendo a mão e nunca te alcanço. A minha melancolia coincide com o a certeza de que nunca nos alcançaremos. E eu já não consigo dançar. Se me ensinasses a dançar, ensina-me a dançar, sim, como era tão fácil antes, mas também tu já só és o rio que nos leva. Deixamo-nos ir. Eu sei.
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