Temo que a noite passe com o passo apressado das coisas passageiras sem um hálito aceso, uma luz de traineira
Temo a inutilidade do tempo que tenho e que o tempo que temo ter seja pequeno
Quando existias, invernávamos por fora, sempre quentes por dentro
Não consigo exprimir-te a desolação dos segundos dentro dos minutos e de outros buracos no tempo
A noite agarra-se ao ventre e algo morde com uma estranha garra de impresença. Deve ser assim que se sente a morte quando ela se senta no lugar vazio do morto ainda quente
Porém, tu não morres nunca. Matei-te exemplarmente com todas as tenazes do inferno e, no final, continuas num alto almirantado, a olhar-me em muda censura, mas já ausente
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