13.5.21

Invernar

Temo que a noite passe com o passo apressado das coisas passageiras sem um hálito aceso, uma luz de traineira

Temo a inutilidade do tempo que tenho e que o tempo que temo ter seja pequeno

Quando existias, invernávamos por fora, sempre quentes por dentro

Não consigo exprimir-te a desolação dos segundos dentro dos minutos e de outros buracos no tempo

A noite agarra-se ao ventre e algo morde com uma estranha garra de impresença. Deve ser assim que se sente a morte quando ela se senta no lugar vazio do morto ainda quente

Porém, tu não morres nunca. Matei-te exemplarmente com todas as tenazes do inferno e, no final, continuas num alto almirantado, a olhar-me em muda censura, mas já ausente

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Temos pena

A existência quem disse que se dissolva todos os dias na mesma velha taça dos mesmos dias? Um qualquer existencialista privado do sonho, uma...

Mensagens populares neste blogue