Que diferença faz ter ou não ter o vento nos ossos durante as madrugadas abertas, aquelas que ainda são noite pura mas fazem adivinhar as horas sem sono até ser dia! Quando é inverno e sopra o mistral ou outro vento, a voz magra desse sopro quebra-nos um qualquer vaso no coração. Somos os próprios elementos, somos mortais e vamos a caminho do inverno. Porém, estamos recolhidos e protegidos.
Mas quando não há, sequer, o sopro do vento a encher o silêncio, nem grilos, ou cigarras tardias, a noite aberta é um insuportável degredo. Queremos sair, abanar o mundo e acordar alguém que nos ouça gritar as insónias aos quatro ventos, com os pés descalços na calçada, com a voz descalça, os membros sombreados pelas árvores, os olhos aromatizados de vida, talvez um pouco de mar até o sono vir, mesmo na areia. Tudo nos pede vida. Estamos entre grades e não há nada que nos justifique abertos ao mundo numa noite vazia.
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