Para quem nasceram as ervas na corrente, para quem correm os ribeiros até ao Verão, tão mansamente?
Com quem sopra o vento quando sobra, haverá almas descarnadas a rugir entre dentes, árvores cansadas, suplicantes, corpos satisfeitos, complacentes?
A quem fala a Lua nas marés diferentes? Qual o propósito de todos os movimentos, de toda a vida submersa e levada, lavada, soprada, para depois ficar seca ao Sol?
De quem são os bolbos escondidos, os minérios encovados na montanha e quem lhes deu a nobreza e a sabedoria que têm?
Não sei, mas juraria que tudo na natureza é um ato de amor, a vida é um ciclo de amor mas às vezes o amor transborda, é demais, está a mais, não serve mais e a morte vence.
Por que razão dobram os sinos, se não for por gente, com a alegria gritante da vida ou o tom surdo da morte. Os sinos tocam por amor, sempre.
Que seria da natureza sem o homem que a acalenta e a destrói, certo, mas que também e sobretudo a sente?
O homem é a medida de todas as coisas, disse um homem excelente, e eu diria que todas as coisas medem a altura do homem que as sente. É tudo uma questão de amor.
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