É uma bruma de algodão que envolve as altas torres da cidade, como um casulo que nos esconde e nos guarda
Quisera eu que o casulo se estreitasse e nos incluísse num só laço, braço a braço, num abraço liso, lenitivo
Tão brumosa a fala como o ouvido, tão latente o corpo, como a poesia de um instante assim vivido
(Sonhamos demais, meu amor)
E a torre de bruma onde vivo, alberga a solidão sem sentido
Já vivemos o vendaval, a chuva e o calor vivo, já sonhámos juntos as manhãs de bruma das partes de outro mundo
Mas esse mistério do nevoeiro, que nos cega e se incendeia, nunca o vivemos,
Repara, como a noite exata do meu bairro semelha o centro da criação
onde o amor é o berço e eu crisálida que me (re)inicio e sempre pereço, vivendo os meus dias em vão
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio