23.10.23

A água suja do mundo

A chuva rooeu os dias e os dias roeram as pedras da rua, desanimadamente espalhadas no que foi a pele perfeita das multidões 

Tal como o mundo roeu por dentro a alegria dos homens, deixando nos nossos olhos o ruído lento da chuva, nós também fomos corroídos pela água ácida do mundo

Eu sei que tu permaneces no limbo das coisas, sei-o, porque está escrito na orla da atmosfera, para lá de todas as cores que resistem

Sabê-lo é suave, é como beber águas limpas, é quase sentir que há algo na razão da vida que no-la devolve com gosto

Ultimamente não acredito muito em nada, nem sequer na candura das pombas, 

Tudo me demonstra a inútil reserva do tempo 


E, sem ti, sofro a minha insuportável presença inutilmente

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