o reino
das rosas
e do estreito silêncio
onde os olhos rompem os traços do medo
onde me atraca a solidão
e o sal me sara
e o sal me sara
onde a alegria me alterna
e a morte me ganha
o reino dourado da pele filigrana
dos murmúrios presos da fala que chama
onde me projectas as linhas do destino
ontem mendiga sem rosas na fala
hoje madona ou ave canora
amanhã Medeia, Medusa, Pandora
reino em que me acolhes
na paz da manhã
reino das romãs e frutas estivais
debruadas nos seios que a sede refaz
no corpo reténs frescos arrozais
e reinas no trono em que te coroar
de prata ou de ouro lépido espaldar
príncipe das nuvens do fundo luar
no reino dos lustres e dos labirintos
lábios conjurados e gestos famintos
meu reino reúne a pele e o pão
a carne reclusa a masmorra funda
a sombra e o semen a cega penumbra
o lugar onde só os loucos, ou os amantes vão...
um reino que lavra no ventre do mundo
a estreita maré a fenda profunda
a falha e o frémito a fervente jura
este reino é sede que em nós arde
e perdura...
esse reino existe na face das nuvens
no silêncio rouco das rosas maduras
é como um grito, um roçar da alma
um vento que eleva a asa da águia
ao céu do teu peito no mel da chegada...-
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio