26.7.08

a prova


foto minha (Alentejo, 25 de Julho de 2008)

e se de repente o mundo falhasse entre nós dois, os pixels se encolhessem num ponto só, os cabos, as fibras ópticas, os fios de telefone tivessem um ataque de fúria digital e as palavras tolhidas ficassem à porta da boca sem ter para onde ir? quando o sinal do éter nos soar distante e as noites forem barcos vazios, sem asas para nos voarem dentro, quando já nada nos situar no lugar do outro e a palavra sonho for um lugar comum sem brilho, onde cruzaremos os braços e recostaremos os ombros, como viveremos as noites sem que as mãos se registem no pulsar do coração? quando te camuflares na verdura com um perfil impenetrável, ou te rodeares de sinais que me despistem e eu deixar de te sentir comigo, o que me dirá o coração? como pode um amor viver na penumbra sem cegar, encontrar a emoção na neve contínua do silêncio? pode sobreviver a todas as formas de separação? e se eu te disser que pode? a prova é a minha palavra que se ergue esguia e afável presa ao meu nome, fundeada no teu, vulnerável e atenta, domiciliada no lugar onde me perco do mundo a fim de te encontrar. a prova é esta estranha ternura entranhada na pele, que me faz buscar o teu nome nas areias do deserto, o teu corpo, como um rochedo eterno, a tua boca fonte de toda a mística da paixão. a prova sou eu que me junto a ti num só ponto, quando tudo o mais é possibilidade dispersa num possível ponto etéreo do pensamento...


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