14.7.08

a rosa essencial

é tão raro a flor chegar à boca
vir sentar-se a morrer no dia...
tão rasa a razão de viver
tão irrelevante a rotina
a rosa essencial é tão peregrina
tantas mãos detêm a rosa
como uma prova de vida
e mesmo assim a flor equívoca
abala outra boca que não a minha

já mal me sobram os bolbos e as cabaças
para igualar graças tamanhas
como as que me assinalas
o meu canteiro definha sem fala
sem a atenção do luar
sem os cavalos do mar
e as trepadeiras da serra

padeço de um mal que nunca acaba
o velho sortilégio da palavra
que nunca foi uma porta aberta
nem um vale de atravessar a nado
ou pradaria de ir a vau pelo trilho
de nenhum passado

deixa ficar assim a ponte
sem um rio fluente
o meu coração inunda a noite
e eu contenho em mim a possibilidade
de um passado que tenha sido,
e a impossibilidade de um presente

pelo futuro espalho a paz dos lírios
planto-os bem fundo em mim
partilho-os pela cova do sorriso
dentro de cada dia o meu lugar
é o meu abrigo que pressurosamente
mantenho calma e só
habitado limbo

e a rosa essencial, sempre contigo...

2 comentários:

  1. http://br.youtube.com/watch?v=ePPZEQPHGvI


    http://www.youtube.com/watch?v=UAdJ-JxgamE&eurl=http://transmitir-outra-vez.blogspot.com/

    bjnhos lindo dia p vc
    ñ roubei nada ainda...rsrs

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  2. Rouba o que quiseres... nada me pertence, nada tem valor nestas palavras a não ser o que me faz escrevê-las. E isso, nunca acaba... Beijinhos.

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