o dia esteve ventoso, tão ventoso que quase voava como palha seca na cartilagem quente da tarde. preguicei numa cadeira de jardim a ver as árvores ondearem e a acompanhar os tons dourados da tarde, finalmente rubros. a tempos metia-me na pele da outra e voltava ao meu livro. estou a ficar perita em viver por simbiose, em viver por delegação, e viver de suposições e pressuposições. por exemplo, imaginar-te no meu lado do mundo, ou eu no teu a desfrutar de mãos dadas o sublime harpejo da tarde, ou a tocarmos nos pés um do outro, cadeiras frente a frente, olhos sob óculos escuros, metade de nós no livro, a outra metade na sensualidade do gesto e na tremura da paz, posta na profundidade dos olhos. gosto de estar assim contigo.
dorme bem, amor querido.
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dorme bem, amor querido.
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