coisa pueril
a escrita
enrola-se no tempo
como hera à volta de um tronco
e começa
tímida
em frases soltas
a enlaçar o corpo
e solta
baila na pele
e eclode na boca
coisa estranha
a vontade de dizer
que pode ser tamanha
que nada diz
querendo tudo abranger
pouco me resta
do que já disse
escrevo pela ourela
das palavras
prendo-as em ramos
de sons
uns vestidos
outros nus
do amor ficou-me
uma palavra presa
e oca
a preencher com
a oclusão dos lábios
boca a boca
no jogo do amor
a palavra lê-se solta
e irrompe louca
pela voz que a diz
uma palavra só
uma única
pode medir a dor
e a doação
de uma vida
em vão
despontamos
o verbo e a virtude
e assim
todo o sangue nos reverte
quando a verdade nos invade
e o que já houve
fica impronunciável e leve
numa palavra só
silenciosa de tão breve...
.
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