gostava de estar agora à beira de um laranjal
a olhar de perto o rubor das laranjas do teu rosto
que eu fosse banal como um fruto miúdo
que eu fosse carnal como qualquer outra
que não houvesse um só astro à nossa volta
e as nuvens que me aflorassem a pele
fossem as tuas mãos em polpa
e que como a qualquer outra
infanta me tomasses delicadamente
em rosa no rumo da boca...
banal, quero ser banal e possível
como um apeadeiro da vida
rasga de mim a imagem outra
aquela que de noite vagueia
e sem me consultar vai aos teus sonhos
e sonâmbula me volta
eu que sou simples e coisa pouca
gostava só de ficar à beira mar
a sentir o alvor das ondas do teu corpo
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