23.12.08

...

respira comigo este momento,
lá fora a geada urge
os bichos recolhidos rugem
rasgam os dentos ao negro luar

mas tu estás no meu mundo
num vendaval de palavras e emoções
o silêncio que me explode entre razões
que não quero pronunciar...

oh, cala-te, não percas mais tempo
a pensar
convoca-me a ti, estende-me o teu peito
para que os meus lábios te sarem e segurem docemente
o sangue que quer sair

olha-me de frente e fala
sou eu, eu sempre, sempre eu
aquela que te deu tudo o que podia
e mais aquilo que não quiseste aceitar

uma vez, que seja uma vez somente
embrulha-me um poema com o meu nome dentro
assinala a minha luz com um verso quente
que seja de anis, ou de aguardente
mas diz com as mãos para que eu entenda
tudo que temes e tudo o que sentes

olha, é tanto a ternura que me enche
tamanha a luta que me vence
que eu não sei, meu amor, o que te retém
de mim tão longe...

os meus lábios pronunciam-te meu lúcido amante
a minha pele não desmente, o dulcíssimo instante
diz-me meu amor, por que és tão diferente
que não me prendes de rompante na casa de antes
no roço inamovível, no prazer fundo e vibrante

que estas palavras tontas tanto desprendem
que este abraço tanto abarca e solta
como se o sonho que lá vai, já não importasse
e um novo sonho apetecesse...

sempre mais e mais intenso!

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