17.1.10

(in)transparência





Quando falas, para quem falas?
a quem destinas as esguias salvas
os leves lumes
das tuas palavras


que porcelana lês
na sintaxe da alma
que tão fundo derramas
o líquido das veias
nos vidros esguios
de uma prosa clara
transparecendo tudo
o que de ti esperava...

são sementes
de ilusão
com que me lavro
quando tudo me escapa

sei que estou só
num canteiro de palavras
as plantas são como lágrimas
de sal molhadas
as flores já não me crescem
como antes nos cabelos


a vida esqueceu-me
na espera insensata
de um dia ser o meu ser
a imagem no teu espelho
o (re)sumo das palavras




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