11.3.10

sem nome




Poderei ter passado o meu tempo
a joeirar o ouro nas correntes,
entre as fragas e os frajais

Mas quando via brilhar uma só pedra,
mesmo quando de ouro não se tratava,
eu colhia-a entre as mãos e
navegava  nas pulsações o uso da fala

Não era ouro. Que importa
o erro na palavra?

Passei o meu tempo
e encontrei alguma coisa.

E é isso que,
no fim de tudo,
me resgata todo o ouro do deserto

serei pobre,
com a riqueza toda da minha casa
entreaberta

e a vida, essa,
é um lugar distante
que está perto - presa
no pulsar da palavra - importa
para quê que não tenha achado ouro
na pedra que brilhava?

.

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