10.3.11

Buenos Aires




pelas ruas de Buenos Aires
enquanto a madrugada se demora
nos meus lábios uma rosa
e um poema de Cortázar
escrito no azul da aurora

pelas ruas de Buenas Aires
luar de tango e tensa melodia
passamos nós no solfejo da Lua

ah, leva-me a Buenos Aires
lê-me com a tua voz um poema de Alfonsina
prende em mim as tuas penas
e aves de paixão
dançamos loucos as palavras
dedilhadas
do alto do coração

Borges na beira do seu leito
um verso ainda no bolso e uma memória
de tango no peito

todos os poetas argentinos
e toda a paixão da sua voz
num acorde antigo
um tango a pulsar
no limite da luz
na luva do luar

"mira, la Luna más alta de tus ojos"
prende-me a cinta na tua voz
e canta-me ao ouvido
canta como Alejandra

"Recibe este rostro mío, mudo, mendigo./
recibe este amor que te pido./
Recibe lo que hay en mí que eres tú./"

vamos viver a noite de Buenos Aires
dizem os poetas que voam mil cavalos
nas belas avenidas e velhos vales
onde tocam mil concertinas
em cada virar de esquina e nas
praças municiais

cerra a vida nas tuas mãos
a minha e a tua, com o desespero
do homem condenado - levita comigo
e varre as ruas sossegadas,
dança o pulsar da madrugada
um tango se erguerá das mudas palavras
e os poetas retomarão a clara voz
tão cedo decepada


Poetas citados:

Alfonsina Storni (Argentina)
Jorge Luis Borges (Argentina)
Julio Cortázar (Argentina)
Alejandra Pizarnic (Argentina)

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