Os poemas são estradas que alcançam uma encruzilhada; cada leitor decide qual a estrada que vai direita ao seu coração, porque quem escreve não diz, mas aflora e sopra uma impressão; ainda, a poesia não é um campo concreto, onde brotam girassóis que sejam só e apenas girassóis; o poema é linguagem e cada símbolo, cada conotação, alusão, sugestão ou implicitação são formas abstratas, não necessáriamente difusas, que conduzem à sua chave. Porém nunca chegaremos a uma só chave, a uma estrada única e essa é a beleza da poesia; a capacidade de identificação é mesmo mais importante do que a de descodificação de sentidos; basta pensarmos que há estratégias de aproximação e de envolvimento nos deíticos usados no texto, o eu, o tu, o aqui, o agora. São eles que nos colocam no centro da encruzilhada a sentir o poema próximo e escrito em função de nós para nos comunicar uma verdade nossa; se o leitor não se sentir dentro do poema em busca do caminho que leva até si, então, não sabe nem nunca soube entender a poesia.
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