Apetece-me fazer uma espécie de poema marginal centrado no nome das ruas que percorro habitualmente, cortesia do GPS que me acompanha como um fantasma mudo, no modo de simples display.
Com ele sei sempre onde estou, caso me perca na cidade. Perco-me demais na cidade. Sigo sempre o sentido errado, o beco sem saída, a contramão. Com ele sou uma seta que avança no trânsito.
Tenho este amigo que me dá a mão e me diz que estou na rua da Alfazema, depois na rua das Violetas
e eu, mesmo sem lhes sentir o odor floral e sem ser atacada por uma súbita sinestesia (não vejo flores, na pobreza da rua de bairro), fico inebriada de sugestivas efusões de beleza e som.
Dantes não sabia que ia entrar no beco das Judias ou no túnel do Buraco Negro. Agora entro em sintonia com o percurso e vou onde tiver de ser com mais gosto. Quem diria que a tecnologia e a poesia podiam unir-se na mesma dobra do quotidiano?
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