Fazia calor e os vagares de março punham o sangue a fluir com a lentidão dos animais feridos. Talvez uma leveza de puma nos membros e umas asas de flor no olhar, mas claramente a ferida.
É assim quando a realidade e a paixão sonhada convergem. Ardia-me dentro a possibilidade, apenas a possibilidade das mãos.
O espaço onde, esse, fica sempre aquém. Só conseguia pensar nas mãos.
O choque dos olhos que só sabem tocar-se com as mãos, ossos encadeados de luz. Por isso, as mãos queimavam o vazio.
A espera, ânsia, expetativa, temor. Todas as sombras me percorrem e todas as cores me agitam. Qualquer lugar fica aquém da paisagem do sentir.
E raramente a paixão se une com o sonho.
O sonho é sempre maior. Mas é na realidade que mais damos os olhos, as mãos, os lábios.
A paixão consome o corpo.
O corpo é a realidade da paixão.
O sonho traz a paixão mastigada devagar.
Acariciamos flores para
Acariciamos flores para
tocar o corpo distante do amor mas
de mãos atadas à paisagem, quando, nos vagares de qualquer mês, ele não vem.
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