Agora diz-me, porque me emociona tanto ver-te crescer à minha frente, tu que sempre me inclinaste para ti com a delicadeza do caule movido a vento, a apara de madeira em espiral no gesto do marceneiro
Tu, que me alisaste e poliste com a suavidade da tua voz na inversão da temporalidade
Gosto de ver-te ser quem és, sabendo das noites de pura alquimia com a qual nos construímos e reforçámos no esforço de fortificar o mundo. Não sei se conseguimos preservar o toque polido das mãos, o odor das madeiras frescas, o tabuado do chão que nos viu demoradamente uma e outra vez rasar o infinito e depois cair.
Como a madeira restaurada mantém as marcas das existências anteriores, assim
tenho eu esta ternura azul inscrita na pele, no olhar que te acaricia. Por quantas vidas vivas eu serei feliz.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Ângulos
Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Há quantas luas levamos o tempo às costas, nas mãos alagadas de suor? E há quantas luas lemos os seus sinais, as nuvens que a encobrem, rasa...
-
Atravessar contigo o rio, comove tanto, o passo tonto. Atravessar contigo o rio, uma pedra, outra pedra, saltas tu, salto eu, aqui dá fundo,...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio