O meu poema é um estendal de roupa numa corda do tamanho de uma vida, com molas como andorinhas coloridas.
O meu poema sou eu presa à corda com tranças floridas e o vento a desviar-me a franja. O ritmo é o balanço do tempo numa infância que me atravessou sozinha.
Estas letras que se ouvem dentro do vento fui eu que as cantei para embalar os meus meninos. Foi outra trança perdida.
As letras de baixo fazem um rodopio de palavras apaixonadas e honestas que eu sacrifiquei aos sentidos, agora idas.
Esta estrofe que ainda cabe no estendal escorre amargura e molha o resto da vida:
de tanto ter balançado o coração para ser feliz, vim acabar numa corda de roupa, à espera que o vento ou a morte me prendam alto numa estrela.
(É duro perder-te, mas ainda é mais duro quando te perco ao domingo e à quinta-feira.)
(...)
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