Atingir a idade do ramo forte onde se penduram os pássaros e às vezes as crianças sem deixar que me debiquem os olhos, é a força da minha valente carnadura, a dureza da terra e do sol no meu sangue, uma seiva lenta a laminar os dias, é a minha forte gravidade. Não quebro o galho porque sou tronco e são muitos os ramos que me atalham a pele.
Uma árvore não quebra totalmente na tempestade. Pode rachar como melancia mas tem átomos e células linfáticas: restauram e vedam o golpe que levou a árvore.
Os meus olhos são de resina, fechados e tranquilos. Meço a inclinação do vento e o peso da geada, abano todos os dias mas não cairei triste e abandonada. O fim do amor é apenas o fim de uma estação que não deu nada.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Recentemente...
Ângulos
Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...
Mensagens populares neste blogue
-
Ele costuma escrever-lhe cartas riscadas como vinil, cartas sem nome, curtas e voláteis, mas ela lia claramente o som da voz, a saudade da...
-
Há quantas luas levamos o tempo às costas, nas mãos alagadas de suor? E há quantas luas lemos os seus sinais, as nuvens que a encobrem, rasa...
-
Atravessar contigo o rio, comove tanto, o passo tonto. Atravessar contigo o rio, uma pedra, outra pedra, saltas tu, salto eu, aqui dá fundo,...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio