25.8.20

Grão de areia


Enquanto deslizo para a noite,
tenho este impulso aberto nas veias:

falar-te
com a minha voz de purpurina

dizer-te 
ao ouvido, intimamente, do carinho imenso que sinto por ti, da paixão morena que te tenho, do encantamento que te imunda os olhos 

Queria
afagar-te o rosto com a minha voz, decretar a noite aberta para (nos) falarmos, rasgar a invisibilidade, a distância, mesmo afixando a máscara mais recolhida e mais discreta

Trilhar
o trilho da sedução no ponto em que ficou o riso e o desafio. E, ainda mais importante, a corda esticada da emoção

Estendo os meus pulsos. Beija-os com 
os teus lábios suaves como afloras
suavemente uma flor.

Mas não fales, deixa estar. Boa noite apenas, meu amor.

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