Mas eu estou dentro da minha irrealidade. Não sei sair dela. O espelho tem uma Alice maravilhada com saltos altos a martelar o chão de xadrez e eu não encontro a rainha para tomar chá com ela.
Persianas alheias à luz, como eu entre as faces do espelho. Deixei o meu vestido de lágrimas preso à moldura e não me sai.
Sei vagamente que tenho de ir a sítios práticos que implicam que me prepare, me alinhe. Não tenho forças para me desviar do espelho. Vejo o dia passar numa só aresta do meu quarto. Ainda não sei porque fiquei presa ao apagamento do mundo útil.
Precisei desta ligação ao outro lado. Sonho-te só para mim, também preso e prostrado, num quarto fresco com três gatos empalhados.
Sentir-te é o que o meu corpo tem determinado, nada nos perturbe na tua voz terna ao meu lado.
Tenho uma foto tua, o teu cabelo ondeado, os olhos ternos, amargurados, e uma meia dúzia de sorrisos que não me foram dedicados. Beijo-te nas imperfeições do espelho e volto para lá, para o outro lado. Prostrada.
Tenho uma foto tua, o teu cabelo ondeado, os olhos ternos, amargurados, e uma meia dúzia de sorrisos que não me foram dedicados. Beijo-te nas imperfeições do espelho e volto para lá, para o outro lado. Prostrada.
Ando para compreender a força que tem em nós o ser amado.
Não sei. Mas fiquei, assim, enfeitiçada, uma boneca articulada, com o corpo nas tuas mãos à beira da tarde.
Não sei. Mas fiquei, assim, enfeitiçada, uma boneca articulada, com o corpo nas tuas mãos à beira da tarde.
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