22.9.20

Cantiga de amigo

Num lugar de cobras nos rios e lírios pousados na corrente, encontrei o meu amigo. No ribeiro de águas lascivas

Senhora mãe, e eu nele

Chorões virados para a água, como narcisos descontentes

Cítaras de pastoras belas espalhadas pelos ventos e o vento me chamava

Senhora mãe, e eu andava

Uma camada dourada de belas folhas  de outono, corsas delicadas escondidas nós paranhos. Passos de meu amigo chegando

Senhora mãe, e eu esperava

O marulhar das águas e nós dentro. Os cervos nas fragas a saltar e a criar vagas, a mim e a ele molhavam

Senhora mãe e eu arfava

As saias abenegadas levantadas sobre o leito e a água me levava e eu lavava o meu ventre

Senhora mãe, tão contente

Cheguei tarde do bosque, com o sol já no vermelho, com meu amigo a meu lado, na minha cinta o seu olho

Não trouxe água da fonte, nem hortelã da ribeira mas trouxe, minha mãe, amoras de amores recentes

E eu com ele, minha mãe, revirei as águas soltas, sempre com a saia armada

Senhora mãe, meu amigo me afaga

Senhora minha mãe, e eu sou amada




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