Ainda o sol não nasceu ao fundo da Tapada
E já o homem se põe em marcha mecânica que será lenta, embutida na estrada como anéis de longuíssima serpente
Ainda o sol não nasceu e o mundo obreiro desperta e anda, cego ou não, para a sua prisão que é também a sua liberdade
Ainda o sol não nasceu e já há pessoas a afastar os lençóis, ora resolutas ora inseguras.
Há gente que não tem para onde ir de manhã e que não é esperada em lado nenhum. É dona do sol nascente, mas nunca o viu. Não sabe.
E depois resto eu. Pertenço aos que vão sem ver a claridade do mundo, sem pensar no amor, sem pensar em que faço, sempre atrasada, no mundo.
Dói-me o tempo roubado. Gostava de ser o bom selvagem, que se senta ao sol e bebe dele as verdades maiores e depois então colhe o dia no orvalho das flores.
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