Os domingos eram os dias dos lacinhos e das rendas e dos sapatos encerados
O véu na cabeça, sempre branco, e as mães ao lado, quase sempre com teias negras nos cabelos
Não sabíamos, mas esse mundo perfeito da pureza vestida de branco havia de terminar um dia, sem que possamos agora nomeá-lo
Começámos a ser moças de ganga e mini-saias e já não íamos à igreja em dia nenhum, exceto nos funerais. E casamentos, claro. Para muitos dos nubentes terá sido um mesmo ritual, um dois em um, como os shampoos
Tenho pena, admito, desses dias solenes agora se traduzirem na limpeza da casa e organização da semana no trabalho
Os domingos são dias duros, nunca flácidos, mas sem aquele brilho distinto dos vestidos solenes e das flores solenes
Sabíamos que ainda não usávamos os véus negros das mães, tecidos de pobreza e sacrifício
Agora, depois de mudar a cor do meu véu, pergunto: despreocupação, quando voltarás?
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio