7.9.20
Quando chega a madrugada, meu amor?
Tenho um gato quentinho sobre as minhas pernas. Tenho um livro ao lado, acabado de ferir por esquecimento. Tenho os olhos cheios de ti, por toda a casa. A noite apunhá-la-me as palavras. Os meus braços são meras lacunas entre mim e ti. Mas o meu corpo funde-se no teu. Olhos nos olhos.
- Vamos fugir para dentro do nosso sangue, o sangue casto das uvas por pisar.
O gatinho move-se dentro do seu próprio conceito de proteção.
Eu digo:
- Quero arder no teu ardor.
E tu perguntas:
- Quando chega a madrugada, meu amor?
- A madrugada, digo eu, é o lugar onde somos arrebatados por um pássaro de bico curvo com garras de felino. Longe, longe, desta paisagem com conforto, paixão e um gatinho.
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