recortes do teu ser amargo e doce recortes de papel volátil, andorinhas dispersas como asas de corvo em movimento, és tu
recortes de momentos muitos são que materializam quem és. tentativa e erro de conhecer as voltas do teu ser
são recortes de ti amargo e doce, fantasiado de luz ou adornado de morte
uma chuva de meteoros impiedosa e ímpia cai sobre ti numa breve manhã de águas
os cortes do teu ser - numa gaveta de emoções ultrasecretas com alta prioridade de acesso ao pensamento - são as feridas da simples existência
este corte fui eu, este também, outros não sei, são as dobras da consciência de ti que buscas (um sentido qualquer para isto tudo)
altas paredes nos separam, ainda mais altas nos unem
concebo o amor como um exercício de recorte do outro, não para saber por saber, mas para fazer saber que se sabe. respiração boca a boca
não factos, mas estados. e depois soprar suavemente a dor, levá-la também montanha acima
mesmo assim, apesar do amor, estamos sozinhos com as nossas pulsões, as que levamos no bolso no dia em que terminam todas as dores do ser que somos: a pulsão de vida suplanta a de morte
que assim seja, meu amor, porque o recorte do meu ser é paralelo ao teu e eu busco o caminho do sol
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