um barco florentino, ornamentado de acácias, desliza por um rio de limpas águas
um ritmo pausado, como se o peso da barca fosse o silêncio que nos leva
estamos em Siena, onde nunca estaremos, a murmurar sonhos passados quando outros fomos
a Toscânia no outono! os campos amarelos, cor de ameixa, laranja e lume
o amor em redor da cidade sem paragens nos velhos palazzos com belas sentinelas de marmóreas faces
nós dois na proa, estátuas de sol, vamos interditos na palavra, deixamos os olhos voar e recordar o enamoramento, as doces fábulas
então, tudo nos tocava, vivíamos todas as histórias de amor do passado, fomos Pedro e Inês, Heloísa e Abelardo
íamos a todos os povoados na rima dos versos como seres alados. pintámos o amor no verso dos quadros, onde ninguém via
não tínhamos já onde esconder o amor. Sienna e outros idílicos lugares eram apenas cenários da pressa de ficar
mal nos conhecíamos, mas viajávamos já, nas barcas e alazões, entre amores mouriscos e álgidas perdições
hoje lembrei-me do teu perfil nas minhas mãos enregeladas, um vagabundo e um palacete e a morte de madrugada
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