Venho tarde à abertura da noite, no momento em que a noite se fecha
Chego sempre tarde ao mundo e o mundo não deixa de vir atrás de mim
Gostava tanto de me recolher numa malhada a contar os fios da chuva por entre a palha
De me aquecer no rebanho e corar com o rigor da geada
De beber água do orvalho e adormecer ao sol. Gostava de ficar a ler as nuvens e o voo dos pássaros. Levaria um caderno para anotar as reverberações do sol e desenhar sombras alinhadas ao fim do dia.
Ao diabo o mundo que me prende e me usa para repercutir a ordem que nos vai aprisionar a todos, invariavelmente. Só na morte nos soltam. As finanças ainda nos perseguem durante uns tempos. Depois, cansam-se.
Cheguei tarde a ti. Tu chegaste muito cedo a mim. Como nos podemos soltar do jugo do tempo, do jugo do mundo?
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