13.10.20

Abismo

Deixo-me penetrar pela estranha sonoridade dos sentidos, como um fogo interno que crepita

Ouves? Uma ressonância de vento nas cavernas do oceano

Nesta distância de mim, a mente esvazia-se de qualquer sentido. O mar é um longínquo rugido como se estivesse preso num búzio

Procuro encontrar-te numa multidão de vozes como a minha. Também tu estás preso ao sortilégio do silêncio

Mas sabes, para onde vamos não há direção assistida, não há caminhos amenos, só o abismo, o fundo residual do tempo que não vivemos


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