atravessar o dia é recato meu, no meu posto a resumir a matéria impalpável do dia. todos temos o lugar onde o filtro da rotina decanta o pó. vou-me espalhando pelo lugar dos outros e para os outros, serenamente acessível e sempre só.
é como subir escadas, uma a uma, até chegar ao caminho raso onde leves os passos se fazem pluma. tenho a arte antiga de contar momentos, encher de momentos o dia, passar para além dos momentos e ingressar na realidade apenas o necessário para não me deixar tocar pelo seu horror.
os meus círculos começam por fora muito fora onde só vai o vento e acabam dentro, muito mais dentro, ondem crescem estame e flor
é como regressar a mim, em embrião, volutas do tempo em regressão, sou eu no estado original da dor
quando chove, eu cresço, tu cresces, nós crescemos juntos, caule e colo do amor
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