30.12.20

2020

Depois de tudo, fruto das máscaras, mortes e massacres virais da 3ª idade, o que descobrimos em 2020 não foi um vírus altamente infeccioso, mas a tremenda vulnerabilidade do nosso organismo, particularmente nos seniores. Na verdade, não sabemos ou não podemos envelhecer com a qualidade de vida que merecemos, com a longevidade que podíamos ter, agora que sabemos claramente como evitar as doenças que afetam a sociedade devido ao nosso modo de vida, a sobrealimentação, o sedentarismo e, no limite, a pobreza. Foi preciso chegar um vírus inteligente como o Sars II para tomarmos consciência das fragilidades do nosso estado físico e mental e da deterioração das nossas estruturas sociais.

Acaba-se o ano numa orgia de vacinas, mas não mudamos nada no nosso estilo de vida, nos modos de produção, na organização do acesso aos recursos. Por outro lado, os erros alimentares, como o consumo de substâncias nocivas ao organismo e a comida demasiado processada, continuam a fragilizar-nos, a produzir um colesterol elevado, diabetes, doenças cancerígenas, ao mesmo tempo que a falta de estruturas de apoio à 3ª idade, o abandono dos idosos, a falta de condições dos lares, também continuam a criar as condições ideais para que um vírus venha trazer a mortalidade que conhecemos.

Porém, precisamos apenas de reinventar a sociedade em que vivemos e isso não é pouco. Não há vacinas contra a pobreza, contra o abandono das famílias, contra a falta de médicos no interior, mas acima de tudo contra uma sociedade de consumo altamente industrializada e virada para os paradigmas da produtividade, progresso e inovação.

Era preciso fazer de 2021 um ano de verdadeiras mudanças na humanidade, no mundo, no interior das pessoas. Sente-se essa necessidade. Mas tudo que queremos é voltar à vida que perdemos. E rapidamente, de preferência com uma picada no braço para doer menos.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Ângulos

Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...

Mensagens populares neste blogue