As noites de inverno, dormentes tempos, quando estamos dentro de um casulo quente, à espera que o sono venha, a ver sem ver a televisão sem som, um livro nas mãos, os gatos aos pés e o silêncio enrodilhado no coração
Quantas noites assim passaram as boas almas do passado, sem televisão, sem livro mas com o mesmo ressonar tranquilo dos bichos e o silêncio agachado à lareira, à braseira, ou num antro frio, desabrigado, sem um fósforo para ser aceso
Todos nós conhecemos dessas noites, mas o mais profundo verso que possa nelas ser inspirado, canta apenas a mudez, o entorpecimento, o coração engarrafado num sótão de pura solidão
Mas eu gosto das noites assim encarceradas, quando o silêncio debita doces palavras, um livro de poemas e a união de duas almas no rumor mudo das tábuas
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