9.12.20

Noites de inverno

As noites de inverno, dormentes tempos, quando estamos dentro de um casulo quente, à espera que o sono venha, a ver sem ver a televisão sem som, um livro nas mãos, os gatos aos pés e o silêncio enrodilhado no coração

Quantas noites assim passaram as boas almas do passado, sem televisão, sem livro mas com o mesmo ressonar tranquilo dos bichos e o silêncio agachado à lareira, à braseira, ou num antro frio, desabrigado, sem um fósforo para ser aceso

Todos nós conhecemos dessas noites, mas o mais profundo verso que possa nelas ser inspirado, canta apenas a mudez, o entorpecimento, o coração engarrafado num sótão de pura solidão

Mas eu gosto das noites assim encarceradas, quando o silêncio debita doces palavras, um livro de poemas e a união de duas almas no rumor mudo das tábuas


Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Ângulos

Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...

Mensagens populares neste blogue