Não me canso de existir como existo, sei que existo e não me importo muito com as demoradas horas
Estou em suspenso, aracnídeo tenaz que tece passo a passo o sonho de um dia abraçar a natureza infinita
Existo devagar, sem pressa de chegar à meta que já falhei, mas escavo túneis para o reino do impossível que posso ter
Entretanto vou encontrando as migalhas de amor da tua boca, vou armando o teu corpo no meu, edifico os teus olhos na paisagem e canto contigo o dealbar da vida
As madrugadas são cursivas e imperiais. Encontro sempre o sol e bebo o refresco da manhã. Mas gostava muito de te ver, um dia destes, encostado à aurora como um astro que se esqueceu de ir dormir
Vês como traçamos caminhos admiráveis nas palmas do deserto?
Eu sei que terei ainda um mundo imenso na casa do entardecer, talvez aí mesmo plantemos mais versos por viver
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixa aqui um lírio