6.3.21

Da liberdade passada

Podia ser ouro tudo em que tocasses, com as tuas mãos poemas e teus olhos de asa negra, as luzes das cidades apagadas e tu iluminadas o silêncio antes que as bestas espalhassem os novos medos

Podias ser o mais amplo grito da devastação, se a vastidão bastasse para o grito que queres dar, agora que Midas te mordeu e ficaste dourado como o sol

Já não és o dono da tarde, porque te a tiraram. Nem medes as distâncias entre as sílabas dos teus dedos. Terminas poemas com um supremo desejo. Que volte outra vez a liberdade

Tocar o macio soalho das flores, sem pisar as horas que dantes semeavas

Voltar a encher o mundo de belas fotos, rubros lábios roubadas aos beijos encontrados na calçada

Ser novamente malmequer e tocar com a boca em tudo e nada, sobretudo na vida, como quem não perdeu ainda a mão livre demorada

Precisas de regressar e não sabes como se regressa ao tempo vencido em diversas luas passadas

Alguém por ti apagou caminhos e hoje deambulas no tempo e o tempo não sabe nada

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