Amor em tempos de pandemia, que loucura amar alguém quando um minúsculo não-ser nos toma as mãos, os pulmões, a vida, quando nos trancamos em máscaras coloridas e só sobram os olhos para dar amor, muito amor, na distância exata do abraço que não podemos dar.
Que loucura esta de não ter idade para o amor, de querer mais vida onde há mais morte, ou ter a idade certa e amar mais e com mais risco. Desejar lufadas de ar e ter este aperto que nos corta o exato momento da palavra.
Que estranho este molde cirúrgico que nos apaga os lábios e o sorriso, quando nos cruzamos com o amor. Amo-te pelos teus olhos e pelo que adivinho do teu rosto.
O amor entre portas, entre medos, de janelas fechadas, amor forçado e compulsivo no recolhimento, na vida suspensa, na casa abafada.
Que estranho mundo este em que mantemos distâncias tão próximas e tão afastadas. A solidão da morte só, da saudade só, do diálogo só, a morte seminua antes e após.
Que pena, meu amor, só nos restar a força das palavras, mesmo sem voz.
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