10.7.21

Amor em tempos de pandemia


Amor em tempos de pandemia, que loucura amar alguém quando um minúsculo não-ser nos toma as mãos, os pulmões, a vida, quando nos trancamos em máscaras coloridas e só sobram os olhos para dar amor, muito amor, na distância exata do abraço que não podemos dar.

Que loucura esta de não ter idade para o amor, de querer mais vida onde há mais morte, ou ter a idade certa e amar mais e com mais risco. Desejar lufadas de ar e ter este aperto que nos corta o exato momento da palavra.

Que estranho este molde cirúrgico que nos apaga os lábios e o sorriso, quando nos cruzamos com o amor. Amo-te pelos teus olhos e pelo que adivinho do teu rosto.

O amor entre portas, entre medos, de janelas fechadas, amor forçado e compulsivo no recolhimento, na vida suspensa, na casa abafada.

Que estranho mundo este em que mantemos distâncias tão próximas e tão afastadas. A solidão da morte só, da saudade só, do diálogo só, a morte seminua antes e após.

Que pena, meu amor, só nos restar a força das palavras, mesmo sem voz. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixa aqui um lírio

Recentemente...

Ângulos

Escuta Esta noite é mais aguda. Alguns cães ainda ladram à passagem da nossa sombra. Eu estou sentada no eixo duma escuridão sem nome. Tu re...

Mensagens populares neste blogue