A vida de uma pessoa pode ser isto: descobrir que viveu sempre atrás de qualquer coisa e esquecer-se do que era. Ou então continuar a correr sem saber se segue a sua inclinação ou a inclinação do mundo.
Uma noite viramos a página principal da nossa existência e só o sabemos passados anos, quando o livro se escreveu sozinho, por mãos alheias.
A vida também é chegar ao telhado da casa em ruínas e perceber a força das fundações, apesar de tudo se deixar vencer pelo tempo.
Que somos nós dois senão o que sobreviveu a isso tudo? É a reconstrução do teto que reforça a estrutura óssea da casa.
Nós, os poetas, somos armadores de barcos naufragados, mesmo que estes continuem encalhados, a proa ainda brilha de forte engenho, pela inebriante certeza do amor ou de outro outro sentimento assim extremado.
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