É preciso ser poeta a tempo inteiro, no campo ou na cidade, inclinar a cabeça para o alto, onde as árvores e os prédios se abraçam, sentir o palpitar das coisas ocultas, atrás das sebes e nas tocas, atrás das tristes marquises e fachadas, em cada cara que passa
É preciso ser poeta sem pressa, para poder juntar as ruas presas, os mercados e as travessas numa mesma desabrida existência, beber as vidas alheias, sem gosto que fique no palato, mas lacere as veias
Finalmente, é preciso ser poeta para pintar a beleza. Todos a vêem, mas só o poeta retira dela a sensação que deseja, transformando em outra coisa, algo que subitamente ame e veja
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